quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Medicina Árabe




Quando os árabes destruíram o império romano e a medicina entrou em declínio, os doentes da Europa Ocidental, voltaram a colocar-se nas mãos da religião e da magia. Os ensinamentos de Galeno e dos antigos gregos sobreviveram apenas porque tinham chegado à Pérsia, onde os eruditos árabes os traduziam para a sua língua. Quando a nova religião, os islamismo, se espalhou rapidamente pelo Médio Oriente , pelo Norte de África e pela Europa, a medicina floresceu, baseada no modelo greco-romano. Nas cidades mais importantes fundaram-se hospitais e escolas de medicina que ofereciam tratamentos novos e métodos cirúrgicos avançados. No sec. XII, os conhecimentos médicos da antiguidade preservados e desenvolvidos pelos árabes regressam a Europa através da Espanha e da Itália.
As preparações dos remédios medicinais eram realizadas por médicos e farmacêuticos. Os médicos recebiam a sua formação na sua madrasah (escola) associada e uma mesquita ou um hospital.

Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas de Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos da sua história.
A Medicina Chinesa originou-se ao longo do Rio Amarelo, tendo formado a sua estrutura académica há muito tempo. Ao longo dos séculos, passou por muitas inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos famosos e diferentes escolas. É considerada uma das mais antigas formas de Medicina Oriental.




A Medicina Chinesa fundamenta-se numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Tendo como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano, e sua interacção com o ambiente segundo os ciclos da natureza, procura aplicar esta abordagem tanto ao tratamento das doenças quanto á manutenção da saúde através de diversos métodos. Inscrições em ossos e carapaças de tartarugas das dinastias Yin e Shang, há 3.000 anos evidenciam registos medicinais, sanitários e uma dezena de doenças. Segundo registos da dinastia Zhou existiam métodos de diagnósticos tais como: a observação facial, a audição da voz, questionamento sobre eventuais sintomas, tomada dos pulsos para observação dos Zang-fu (órgãos e vísceras), assim como indicações para tratamentos terapêuticos como a acupunctura ou cirurgias. Já por essas épocas incluía nos seus princípios o estudo do Yin-Yang, a teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos Meridianos do corpo humano, princípios esses que foram refinados através dos séculos seguintes. Nas dinastias Qin e Han haviam sido publicadas obras como “Cânone da Medicina Interna do Imperador Amarelo” (Huangdineijing) considerada actualmente como a obra de referência da medicina chinesa.




Existem muitas obras médicas clássicas famosas que nos chegaram do passado: “Cânone sobre Doenças Complicadas”, “Sobre diversas doenças e a febre Tifóide”, “Sobre a Patologia de Distintas Doenças”, etc. O “código das Fontes Medicinas do Agricultor Divino” é a mais famosa e antiga obra sobre fármacos na China. Uma delas destaca-se pela sua importância o “Compêndio das Fontes Medicinais”, em 30 volumes escrita por Li Shizhen, da dinastia Ming, é a mais importante na história da China, e obra de referência a nível mundial na área da fitoterapia.
A acupunctura conhece reformas importantes na dinastia Song (960 a.C – 1279 a.C) impulsionadas principalmente pelo médico Wang Weiyi que publicou “Acupunctura e os pontos do Corpo Humano”. Moldando duas estátuas em bronze do corpo humano a fim de ensinar aos seus alunos as técnicas da acupunctura, acelerando assim o seu desenvolvimento. No século XX, Mao Tze Tung, oficializou o ensino da Medicina Chinesa a nível universitário e a sua divulgação por toda a china, criando-se muitas universidades e hospitais para a prática da medicina chinesa, considerada na altura um recurso valioso e acessível para a saúde publica.

A Medicina Chinesa tem um campo de aplicação muito amplo, porque pratica-se há muitos séculos no maior país do mundo em termo demográfico. Isto confere-lhe uma experiência única, primeiro, empírica e depois científica. Finalmente, a Medicina Chinesa é um sistema completo e não uma simples técnica médica de aplicações limitadas, pois o campo da Medicina Chinesa é extremamente amplo: da farmacopeia á acupunctura, da dietética á cirurgia popular, das massagens á ginecologia, da medicina interna aos métodos de reanimação. De facto encontram-se praticamente as mesmas especialidades que na Medicina Ocidental, não obstante, numa compartimentação menos restrita e limitada devido à sua abordagem mais global da enfermidade e das suas causas. Isto permite afirmar que a Medicina Chinesa, como a Medicina Ocidental, possui uma experiência de um estatuto oficial, e ao mesmo tempo, uma abordagem mais humanista e mais global do ser humano, da saúde e da enfermidade.

Medicina Hindu

O Ayurveda, que significa ciência da vida é um sistema de medicina usado na Índia Antiga que sobreviveu até aos nossos dias. Trata as doenças através da correcção do desequilíbrio entre os três humores do corpo – o vaya, representado pelo ar, o kapha, representado pela água, e o pitta, representado pelo fogo. O surgimento das doenças depende do desequilíbrio destes 3 elementos, e a cura, pelo seu equilíbrio. É provável que a teoria grega dos quatro humores se tenha inspirado na medicina ayurveda. Os médicos usavam uma combinação de cânticos, medicamentos e operações. A cirurgia encontrava-se particularmente bem desenvolvida na Índia Antiga, onde os cirurgiões cosiam as feridas com agulhas de aço e suturavam os ferimentos internos com mordeduras de formigas. Susruta, que viveu entre 100 a.C. e 100,praticou cirurgia estética, reconstituindo narizes partidos com pele extraída da testa. Os aprendizes de cirurgiões praticavam em pedaços de carne e sacos de couro cheios de lodo, antes de operar os doentes.
A medicina indiana defendia que a saúde dependia do equilíbrio entre os sete chakras-centros de poder espiritual localizados ao longo da coluna vertebral e associados a glândulas e órgãos. Podiam ser equilibrados por meio de medicamentos, yoga, massagens e cânticos.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Medicina no Egipto Antigo

O povo dos Egípcios (3150a.C. 30a.C.) talvez fora o povo, dos mais primitivos, que contribuiu mais eficazmente para a evolução da medicina. No antigo Egipto a prática da medicina era assegurada pela existência de duas academias onde eram ministrados estudos médicos de raiz científica, mas com uma função quase sacerdotal, inserida por este no mundo restrito dos templos. O corpo de médicos surge organizado na dependência de um Supremo Chefe dos Arquiatros do Alto e Baixo Egipto os quais desenvolveram diversas actividades de tipo cirúrgico, tais como a circuncisão (obrigatória por motivos higiénicos), a castração, a cesariana e, muito provavelmente, a excisão de cataratas oculares e próteses dentárias. Contudo, e fruto de uma profunda dominância religiosa, a anatomia humana era perspectivada segundo uma posição significativamente fantasiosa. O diagnóstico baseava-se na sintomatologia, e uma vez a enfermidade, passava-se à terapia. A farmacêutica baseava-se num conhecimento profundo da botânica e das ervas especiais.
Os ferimentos, por seu lado, eram lavados e cobertos com unguentos à base de óleos essenciais e outros ingredientes, sendo depois cuidadosamente envolvidos em ligaduras. No material utilizado pelo médico na sua actividade sobressaía o bisturi, serrilhas, lâminas de bronze com cabo em ébano e marfim, boiões de pomadas e unguentos e ligaduras onde têm a sua origem histórica. A anestesia era praticada pelo método "a frio", arrefecendo-se a parte anatómica e os instrumentos cirúrgicos. Os conselhos médicos eram igualmente importantes na área da beleza feminina e no apoio à maternidade.



Uma especialização médica ulterior foi a veterinária. Num reino essencialmente agrário, a veterinária desenvolvia-se nos estábulos e palácios, fruto do tradicional amor pelos animais, reflectido a própria religião Egípcia.
Concluindo, os Egípcios com o seu conhecimento, foram, mais tarde, influenciar outros povos como os Romanos na prática desta ciência, a Medicina.

Medicina na Mesoptânia

A Mesopotâmia é a região geográfica situada entre os rios Tigre e Eufrates, área que actualmente corresponde ao Iraque. É considerada o berço da civilização antiga sendo habitada e dominada por vários povos entre eles os quais, os sumérios, os acadianos e babilónios. As culturas desenvolvidas eram muito semelhantes uma vez que seguiam padrões iguais e veneravam os mesmos deuses. De facto, o conhecimento era transmitido de povo para povo e depois adaptado.




A medicina na Mesopotâmia, tal como a matemática, astrologia e política, foi evoluindo. Os primeiros documentos referentes a esta arte aparecem com a primeira civilização a ocupar esta zona, os sumérios (há 6 mil anos atrás) e foi transmitida de povo para povo até chegar aos babilónios (há 4 mil anos atrás).
A medicina suméria baseava-se na astrologia pois acreditavam que o destino do homem era determinado pelos astros desde o nascimento. Assim, tentavam estabelecer relações entre os movimentos dos astros e as estações e entre as mudanças de estação e as doenças. Acreditavam que a doença era uma maldição dos deuses descontentes com o comportamento dos humanos. Os pecadores eram castigados pelos próprios deuses ou eram possuídos por demónios porque os deuses descontentes deixavam de os proteger.
As pessoas ficavam doentes porque cometiam pecados, mas também podiam ser vítimas de agentes externos como o frio, a poeira ou o mau cheiro. Assim, as causas das doenças podiam ser divinas ou naturais. Para saber qual era o seu caso o doente deveria consultar um adivinho e, a partir do resultado, procurar um sacerdote-exorcista se a enfermidade fosse de origem sobrenatural ou um sacerdote-médico se a doença fosse de causa natural. A adivinhação era feita através de haruspícios (observação das entranhas de um animal), da astrologia e da interpretação dos sonhos. Os sumérios acreditavam que o sangue era a fonte de todas as funções vitais, sendo o fígado a origem e o centro de distribuição do sangue e, portanto, sede dos principais fenómenos da vida.
A medicina entre os babilónios era regalia dos sacerdotes que prestavam contas aos deuses. Já os cirurgiões (gallubu) eram homens do povo, responsáveis perante o Estado pelas consequências das suas operações; eles cobravam honorários e estavam submetidos, sob fortes sanções, caso os tratamentos corressem mal o médico podia pagar com a vida. Os médicos babilónicos baseavam as suas teorias em simbolismos mágicos, no entanto eram bons observadores e muitas dos seus diagnósticos tinham uma certa lógica. Por exemplo, para alguns problemas oculares, receitavam um preparado de cerveja e cebola: a cebola provoca lágrimas e o fluido lacrimal contém lisozima, uma substância com acção bactericida. Daí alguns bons resultados que eram obtidos. Mas, em seguida, os olhos eram massajados com azeite e acrescentavam um toque de magia para expulsar o espírito maligno. Os médicos receitavam uma grande quantidade de remédios, para os mais variados males, feitos de frutas, flores, folhas, raízes e cascas de árvores como oliveiras, loureiros e lótus sob a forma de comprimidos, pílulas, pós e até supositórios.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Trepanações

Como havíamos referido no post anterior, iremos debruçar-nos sobre o tema das trepanações.
Na verdade, também nós nos perguntámos acerca da veracidade deste tema mas após várias pesquisas chegámos à conclusão que desde sempre se assistiu a esta realidade. Este método, que consiste na abertura intencional do crânio, é considerado um dos métodos mais antigos tendo surgido aquando da época dos Neandertal e era, inicialmente, utilizado para afastar maus espíritos.
Através de exposições realizadas em museus arqueológicos é possível observar-se alguns exemplares de cérebros fósseis (anteriores ainda ao tempo das cavernas) perfurados com o uso de trépanos (instrumento cirúrgico). Além de crânios esburacados, estão também expostos gravuras pré-históricas de trepanações, assim como os instrumentos utilizados na mais antiga operação de trepanação craniana encontrada na Europa.




Por um lado, as trepanações eram vistas como solução para os tumores ou graves problemas cerebrais nos quais através da perfuração do cérebro conseguiam resolver-se. Tais operações, no entanto, não eram somente utilizadas por motivos médicos ou de doença, como por exemplo o alívio para fortes dores de cabeça ou, em casos piores também era usada para retirar objectos pontiagudos enterrados na cabeça dos nossos ancestrais (resultado de desentendimentos durante a caça ou festividades, normalmente).
Há ainda alguns arqueólogos que dão outros motivos para o uso deste método como razões religiosas, uma vez que que muitos acreditavam conter maus espíritos ou até mesmo tentar alcançar o poder da consciência ao permitirem perfurar as cabeças. (No entanto, não há registos se essas operações eram feitas com ou sem algum tipo de substância anestésica existente na época).
Actualmente podemos encontrar este método na medicina moderna, entre outros na remoção de tumores, na drenagem de coágulos ou no tratamento de fracturas cranianas.